O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação no Brasil tem mostrado uma redução lenta nos últimos meses, partindo de um nível mais baixo. Ele destacou, em evento realizado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que a inflação brasileira, excluindo alimentos e energia, enfrenta dificuldades para diminuir e se mantém elevada. Após a desaceleração inesperada da inflação em maio, para 0,23%, Campos Neto prevê que o IPCA provavelmente ficará negativo em junho e, em seguida, retomará a trajetória de alta.
Ele projeta que a inflação voltará a subir lentamente e encerrará o ano com crescimento, alcançando meses com alta entre 0,4% e 0,5% no final do ano, resultando em um valor aproximado de 4,5% para o ano. Isso representa uma melhora em relação às expectativas anteriores, porém de maneira lenta.
Campos Neto ressaltou que as perspectivas para a inflação e as projeções de longo prazo do mercado têm melhorado, abrindo espaço para a atuação do Copom na definição da Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Ele observou que a taxa de juros de longo prazo tem caído significativamente, o que leva tempo para se refletir nos empréstimos bancários, mas já indica uma tendência de redução. Isso mostra que o mercado confia nas medidas adotadas, permitindo uma atuação na política monetária futura.
O presidente do BC comparou a inflação brasileira com a dos países desenvolvidos, afirmando que, pela primeira vez na história, a inflação do Brasil está menor. Segundo ele, isso demonstra a eficácia do trabalho realizado. Campos Neto também mencionou que a América Latina aumentou os juros antes do atual ciclo e, por isso, o mercado já espera cortes de juros no Brasil, México, Chile e Colômbia. Em contrapartida, nos países desenvolvidos, quase não há expectativa de queda nos juros.
A respeito do bom desempenho do PIB no primeiro trimestre, ele acredita que isso levará a revisões no crescimento econômico deste ano, podendo alcançar ou ultrapassar 2%. Ao discutir o crescimento potencial, Campos Neto destacou a importância de se considerar o longo prazo e afirmou que a percepção do mercado é de que a taxa de juros neutra subiu de 3,0% para 4,5% em comparação com 2021, enquanto a percepção de crescimento estrutural caiu de 2,0% para 1,6%. Ele atribui essa queda à dinâmica da dívida e considera 1,6% um valor muito baixo, acreditando que o crescimento potencial seja maior.